O Meio Ambiente levado a sério!

O Meio Ambiente levado a sério!

SAUDAÇÕES AMBIENTAIS!

Caros amigos,

Depois de alguns anos sem escrever, torno a publicar meus relatos neste blog. Muitas coisas aconteceram e hoje o blog não se trata mais de uma página contendo apenas relatos de viagens e histórias...

Com o surgimento de uma oportunidade de termos um espaço em uma estação de rádio FM, decidimos dar voz aos nossos pensamentos e idéias. Foi quando nasceu o Programa Natureza em Foco. Um programa onde buscamos semear idéias e práticas ambientalistas de modo a sensibilizar nosso ouvintes leitores (ou seriam leitores ouvintes? nem sei mais! rsrsrs.).

Com um pouco mais de um ano no ar pela Rádio São José FM - 100.5 (e pelo www.saojosefm.com.br), nosso programa recebe convidados mais do que especiais, que contribuem significativamente com o enriquecimento intelectual de nossos ouvintes, pois já abordamos temas variados que vão desde a proteção animal até reflexões sobre nossas ações no dia-a-dia, além de muito mais!

Queremos convidar você caro ouvinte (e agora leitor!) a interagir conosco em mais este ambiente de comunicação.Contamos com vocês para nos ajudarem nesta luta de fazer alguma coisa por esse nosso tão maltratado planeta! Ajudem-nos da divulgação desses pensamentos e idéias!!




sejam todos muito bem-vindos ao nosso blog!



Atenciosamente,



Rayssa Barros e Valdemir Tavares - Programa Natureza em Foco.




quarta-feira, 16 de junho de 2010

RPPN REVECOM



Bem...parece que o vídeo não quer abrir... então COPIE O LINK ABAIXO NO SEU NAVEGADOR DA NET EM UMA NOVA GUIA:

http://www.youtube.com/watch?v=nILAdf6cYOQ

E CONHEÇA UM POUCO MAIS DO PEDACINHO DE VERDE MAIS PROTEGIDO E AMADO DO AMAPÁ... A RPPN REVECOM É UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE SANTANA, NO BAIRRO VILA AMAZONAS. ATUA HÁ 12 ANOS NO ESTADO CONTRIBUINDO PARA A PROTEÇÃO DOS SERES VIVOS, ALÉM DE PROMOVER A EDUCAÇÃO AMBIENTAL BASEADA NOS PRINCÍPIOS DA CARTA DA TERRA, ECOTEOLOGIA E ECOPEDAGOGIA... FAÇA UMA VISITA E NÃO VAI SE ARREPENDER! CONTATO: (96) 3281 3849 OU PELO ENDEREÇO: www.revecombr.com.br

quinta-feira, 10 de junho de 2010

SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL: UMA REAÇÃO EM CADEIA!

No dia 05 de junho de 2010 foi comemorado por nós o dia do meio ambiente, no qual foi realizado na Reserva Particular do Patrimônio Natural REVECOM a I Trilha Interpretativa em Comemoração a semana do meio-ambiente. O evento contou com alunos do curso de Biologia da Universidade Vale do Acaraú – UVA, além de alunos da Universidade Federal do Amapá-UNIFAP, dos cursos de Ciências Ambientais e Biologia. Participaram também biólogos, professores e outros colegas interessados na causa ambiental.

O evento foi muito produtivo, uma vez que seu objetivo central era disseminar a Educação Ambiental, utilizando os conceitos de cidadania baseados principalmente na carta da terra, além de ressaltar o respeito do ser humano para com os outros seres vivos. A atividade teve a duração aproximada de seis horas e contou com a nobre presença do coordenador geral da RPPN REVECOM, Dr. Paulo Neme do Amorim, no qual o mesmo conduziu os participantes por grande parte do trajeto.


Figura I. Paulo Amorim iniciando as atividades na entrada da trilha Maracá. Foto: Rayssa Barros.

Com seu vasto conhecimento sobre Teologia, Biologia, além da imensa habilidade de sensibilizar as pessoas, o Dr. Paulo mostrou que ainda há muito que aprendermos tanto como profissionais quanto como pessoas, no qual a principal lição é refletirmos sobre nossas ações e costumes e reformularmos tudo isso para atingir positivamente a outras pessoas para que haja então uma reação em cadeia no lugar onde vivemos. Acredito que somente assim estaremos de fato praticando a Educação Ambiental.

Chegando ao setor de fauna em cativeiro, o Dr. Paulo passou os trabalhos para mim e uma grande amiga, Bárbara Fonseca, que assim como eu também luta para se formar em breve, além de ser uma ambientalista de coração. Ao conduzirmos os participantes pelo resto da trilha, pude perceber que sensibilizar as pessoas é uma dádiva que poucos possuem. Somente com a prática constante desta atividade é que vamos adquirindo experiência e habilidade. E somente com a sensibilização é possível ter esperanças de mudança de hábitos em cadeia. As escolas deveriam ensinar isso a seus alunos e na universidade, a arte de sensibilizar deveria ser reforçada em disciplinas como Educação Ambiental, Ética Ambiental e tantas outras.

Ao chegarmos ao trapiche, depois de quase 3 horas de trilha, os participantes fizeram um lanche, descansaram e seguimos então para a segunda etapa da atividade: o momento de expor pensamentos e idéias adquiridos ao longo da trilha. A atividade foi realizada de modo que os participantes formaram grupos de 5 a 6 pessoas e tinham que responder a 3 perguntas: O que é conservação? Por que devemos conservar (utilizando uma espécie de fauna ou flora como exemplo)? O que você poderia fazer para contribuir com a conservação do exemplo citado na pergunta anterior?


Figura II. Participantes do evento expõem seus pensamentos sobre conservação. Foto: Rayssa Barros

A exposição de idéias foi interessante, pois despertou a criatividade e interação dos participantes, que falaram muito abertamente sobre tais questionamentos. Após todos terem feito suas exposições, foram apresentados slides falando sobre educação ambiental e crueldade com os animais, no qual através das duas temáticas os participantes puderam perceber que a grande diferença entre o ser humano e os demais animais é que nós temos raciocínio mais elaborado e, teoricamente, deveríamos ser a espécie que mais zelasse pelo planeta, no sentido de conservar os valores naturais, culturais e utilizando os recursos não-renováveis da terra de modo sustentável e racional, que infelizmente não é o que vem ocorrendo.

A apresentação encerrou com um vídeo muito chocante sobre animais que são “descorados” vivos no continente asiático. As imagens foram fortes o suficiente para levar muitos participantes a chorar e a repensar sobre suas ações ao ambiente em que vivem, principalmente com os outros animais. Acredito que conseguimos realizar nosso papel nesta trilha, quanto disseminadores da mensagem sobre o pedido de socorro que o planeta vem fazendo tão explicitamente a todos nós.

Assim como uma sequência de fatos, esta semana tive a felicidade de assistir ao filme Avatar de James Cameron, no qual me emocionei ao ver as cenas devastadoras da destruição da árvore sagrada do planeta Pandora. O filme nos passa uma mensagem muito importante através dos nativos Na´vi. Considerados primitivos pelos humanos, os Na´vi veneram uma deusa chamada Eywa, que para nós equivaleria ao nosso Deus. Contudo, os seres humanos invadem o planeta Pandora para explorar uma espécie de mineral rochoso de alto valor comercial para o planeta terra. E como já não era de se esperar, tudo o que o ser humano toca tem a habilidade de destruir, sendo isso exatamente o que tentam fazer em Pandora.


Figura III. A forte ligação entre os Na´vi e a natureza de Pandora. Será que estamos esquecendo de fazer o mesmo com nosso planeta? Imagem: Autor desconhecido.

Contudo, é impressionante e emocionante ver e até mesmo sentir a íntima ligação entre os Na´vi e a natureza de seu mundo. A sensação que tenho ao percorrer as trilhas da REVECOM, assim como percorrer qualquer floresta e mesmo o simples fato de conversar com as pessoas sobre a natureza me levam a ter uma sensação semelhante. O que falta agora é conectar esta sensação a outras pessoas e creio que possamos fazer isso muito humildemente a partir de atividades como estas de sensibilização, começando por um simples passeio em um fragmento de floresta e mostrando o quanto a natureza tem nos oferecido e não valorizamos. No filme avatar, o povo Na´vi tem o pensamento de que toda a energia que eles possuem para viver é emprestada da natureza e que no momento de sua morte terão que devolvê-la a Eywa.

Nós também temos um pouco de avatar em cada um de nós! Lamentavelmente esta conexão entre seres humanos e natureza vem sido perdida ao longo dos anos pelo capitalismo selvagem que leva ao consumo exagerado dos recursos naturais e ditos não-renováveis. Será que estamos caminhando para o fim de nossa existência? Ainda há tempo para mudar as coisas. Precisamos nos esforçar para provocar uma reação positiva em cadeia. O que você acha de tentar?

• Comece hoje mesmo botando a mão na consciência, repensando sobre suas ações e procure conversar mais a respeito sobre o tema Meio Ambiente.
• Leia a carta da terra e veja o quanto estamos agredindo a nós mesmos diariamente com nossas ações consumistas.

Pequenas ações praticadas por várias pessoas podem resultar em grandes resultados. É assim desde que nos entendemos por gente, então basta que uma pessoa comece para atingir grandes proporções. É aí que se encontra nossa grande diferença entre os animais: a grande capacidade de aprender e repassar adiante aquilo que acreditamos ser certo. E o que vem a ser certo para você? O que será que vale realmente a pena ser repassado as crianças? Abraço a todos os leiores. E como diz a primitiva Na´vi Neytiri: “Eu vejo vocês” e também acredito em vocês.

Atenciosamente,


Rayssa Amaral Barros (Foto: Érica Araújo)
Acadêmica de Biologia da UNIFAP (por pouco tempo), Guarda-parque voluntária e ambientalista de coração.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

NOTAS DE UMA VIAGEM A CANANÉIA-SP...SAUDADES!

É... já faz um ano que conhecí Cananéia, o primeiro povoado do Brasil... No entanto, muito mais do que isso, foi lá que conhecí gente super boa, fiz amigos que vou levar para sempre no coração e tive momentos inesquecíveis em lugares maravilhosos... quanta saudade do povo de lá... e para matar essa saudade, que tal relembrar a viagem? confiram! abraços.



VIAGEM A CANANÉIA EM 2009

Dia 27 de abril de 2009 fui convidada para conhecer a cidade de Cananéia que fica no estado de São Paulo. Entretanto, para chegar ao município, tive que passar pela grande capital São Paulo. Ao sobrevoar a cidade, fiquei impressionada com a enorme quantidade de prédios aglomerados pelos quatro cantos da cidade. Pousamos no aeroporto de Congonhas, que é extremamente movimentado. A viagem até lá teve a duração de aproximadamente 6 horas. Estava muito frio em SP, em torno de 17°c.

Ao sair do aeroporto, já notava o ar metropolitano da cidade. Pessoas indo e vindo, vestidas de todas as formas possíveis, muitos carros na rua parados pelo congestionamento. Segui então para a estação de metrô São Judas, o qual eu seguiria até a rodoviária de Barra Funda para pegar o ônibus até a ilha de Cananéia. O metrô de SP é um dos melhores do Brasil. Ele passa em um intervalo de quatro em 4 minutos e demora-se em torno de 15 a 20 minutos para se chegar ao outro lado da cidade.


Figura I.
Figura II
Figura I. Metrô de São Paulo, um dos melhores do Brasil.
Figura II. Visão de São Paulo da Rodoviária de Barra Funda. Fotos: Rayssa Barros.


Ao chegar à rodoviária, depois de certo tempo esperando, encontrei com meus dois colegas de viagem: Júlio e Alex, ambos biólogos especialistas em zoologia. Depois de certo tempo na estrada, chegamos a Ilha de Cananéia. A cidade histórica, uma das mais antigas do Brasil faz parte do eixo do complexo estuarino-lagunar ou Lagamar do Vale do Ribeira-Serra da Graciosa. Esta região, localizada no litoral sul do Estado de São Paulo, é uma das últimas áreas remanescentes da Mata Atlântica e um dos últimos ecossistemas não poluídos do litoral brasileiro (CANANÉIA, S/D), sendo composta por várias ilhas. Toda a região que compõe o Lagamar foi formada a partir de acidentes geográficos ocorridos na região há séculos atrás, sendo que hoje as transformações ainda continuam.


Figura III. Cananéia o 1º povoado do Brasil. Foto: Rayssa Barros.

Em Cananéia, meu principal objetivo era ajudar Júlio e Alex em um levantamento de informações da fauna de mamíferos existentes na região. Ambos foram contratados para ajudarem nos trabalhos que irão contribuir com o funcionamento da Estação Quarentenária que está sob responsabilidade do Ministério da Agricultura. Tal local será utilizado com a intenção de trabalhar no melhoramento da genética do gado brasileiro, haja vista que somos um dos países campeões em exportação de carne para o mundo. Outras finalidades também serão exploradas neste ambiente, como por exemplo, a vinda de aves exóticas para o Brasil, onde todas serão inspecionadas e ficarão sob os cuidados da Quarentenária que será a primeira do Brasil, segundo um dos coordenadores deste trabalho.


Figuras IV e V. Estação Quarentenária de Cananéia. Fotos: Rayssa Barros

Ao sair diariamente para fazer os trabalhos, contemplei a beleza de Cananéia. Junto com Cananéia também estão a Ilha do Cardoso e a Ilha Comprida que apresenta praias exuberantes com as águas verdes do Oceano Atlântico. A população gira em torno de 10 a 12 mil habitantes segundo alguns moradores. A ilha é habitada há séculos por várias comunidades tradicionais, entre elas se destacam os Caiçaras e os Indígenas, que juntos construíram a história da região.

Os Caiçaras são fruto de uma mistura entre portugueses, negros e indígenas que antigamente viviam da caça e da pesca. Alguns plantavam arroz, outros trabalhavam com mineração, mas todos tinham algo em comum: a maneira como desenvolviam essas atividades. Até hoje é possível ver a que a maioria dos moradores ainda pescam, através de uma estrutura toda feita de varetas e uma rede: o cerco. Com ele os peixes entram por um pequeno buraco e não conseguem sair, ficando aprisionados até que os pescadores venham recolhê-los de lá na maré baixa. Outra cultura da região é o Fandango, uma música típica que os moradores fazem nas festividades locais.

Cananéia, assim como todo o complexo estuarino Lagunar apresenta várias unidades de conservação de inúmeras categorias, as quais todas são protegidas por lei federal e estadual. Entretanto quem realiza a proteção dessas áreas não são os Guarda-parques, mas sim a polícia militar, cuja presença ainda é precária. Notei que na ilha também existe o Monitor Ambiental, um profissional que atua como guia turístico em excursões por toda a região. Infelizmente, assim como na maioria das regiões brasileiras, o profissional Guarda-parque ainda não é reconhecido neste local.

Ao conversar com os moradores da região pude sentir um pouco da vida tranqüila e pacata que esta comunidade apresenta. Conversamos sobre a caça e a especulação de que talvez este tenha sido um dos fatores que reduziram a quantidade de animais e espécies na ilha. Todos os moradores entrevistados nos receberam muito bem em suas casas. Aprendi um pouco sobre a história e cultura de Cananéia, assim como alguns eventos marcantes que ocorreram lá.

Em meados de dezembro de 1992, um tubarão branco foi capturado acidentalmente pelos moradores da ilha. Pesando em torno de 2,5 toneladas e medindo aproximadamente 7 metros de comprimento este animal entrou para a história da ilha e também para a história do Brasil como sendo o segundo maior tubarão branco capturado no mundo. Atualmente o mesmo encontra-se no museu da cidade em exposição. Como foi taxidermizado, infelizmente seu tamanho foi reduzido, mas o museu mantém o corpo legítimo do animal.


Figura VI. Segundo maior tubarão branco do mundo. Foto: Rayssa Barros

Foi no museu de Cananéia que também conheci um pouco mais sobre o passado da cidade. De acordo com a exposição que havia lá, o expedicionário Martim Afonso de Souza encontrou em 1531 um aglomerado de Castelhanos e Portugueses instalados na Ilha do Bom Abrigo e em 1578 o povoado de São João Batista de Cananéia é elevada a categoria de Vila, que mais adiante viria a ser conhecida somente por Cananéia. A cidade também apresenta uma série de sambaquis, aglomerados compostos por conchas, restos de animais, alimentos, objetos e outros artefatos que foram deixados por populações há mais de 5 mil anos.

A pesca e o turismo são a principal fonte de renda dos nativos da região. Há também a venda do artesanato regional feito pelos Caiçaras, Indígenas e outros moradores mais antigos. Por falar em indígenas tive a chance de conhecer e conversar com o cacique da única aldeia existente na Ilha. Seu Airton e seus familiares moram na região há quatro anos. Em sua pequena aldeia composta por apenas 23 índios, todos da etnia M’byá Guarani, ele nos falou um pouco sobre os animais que ele e seus familiares costumavam ver há anos atrás e que infelizmente hoje não encontram mais.

O cacique também afirma que a caça foi um fator que influenciou bastante na redução de animais e mesmo o desaparecimento de alguns mamíferos da região. Airton também nos falou da dificuldade que ele e sua família enfrentam diariamente para conseguir alimento e suas dificuldades em se manterem em Cananéia. Atualmente a única fonte de renda de sua família é a venda do artesanato que fazem e que muitas vezes são vendidos até três vezes mais caros pelas casas de artesanato existentes na cidade, no entanto, para os indígenas não há lucro. Airton também nos contou que existem outras aldeias em melhores condições, cujas áreas já foram demarcadas pelo governo federal e que aguarda ansioso a demarcação de sua aldeia, pois só assim acredita que terá paz com sua família.


Figuras VIII e IX. Artesanato Indígena. Fotos: Rayssa Barros

Felizmente, para termos a oportunidade de conhecer o cacique e visitar a aldeia, tivemos que recorrer a alguém muito especial que diariamente trava uma batalha para conseguir melhorias na qualidade de vida dos índios de Cananéia. A pessoa tão especial a quem me refiro é Jane, uma mulher muito batalhadora, amiga e acolhedora que decidiu se dedicar a causa indigenista. Através de Jane conheci também seu marido, a quem chamo carinhosamente de Seu Nelson, uma pessoa também maravilhosa que ajuda os cachorros de rua da cidade, dando-lhes comida e cuidando dos que estão doentes e feridos na frente de sua casa.

Jane já trabalha com os indígenas há alguns anos e sente que as pessoas pouco se importam com as necessidades e dificuldades que eles passam constantemente. Ela já recorreu a todas as autoridades locais da cidade solicitando ajuda, mas até o momento ninguém a ajudou. Então como ela mesmo diz: “Aqui só eu que ajudo eles!...”, Jane ajuda como pode, seja doando roupas usadas, seja com alimentação ou divulgando o artesanato dos indígenas para que os mesmos possam lucrar com o trabalho que fazem.


Figura X. Jane e seu Nelson. Foto: Rayssa Barros.

Durante os oito dias em que estive em Cananéia, fizemos atividades de rastreamento de fauna silvestre com base nas pegadas deixadas pelos animais e percorremos vários locais em diferentes pontos da ilha. A conversa com os moradores também nos ajudou muito nos trabalhos, pois serviam como complemento para as informações que coletamos com o rastreamento, informações históricas da cidade, bem como a cultura do povo de Cananéia. Para nos despedirmos da cidade com estilo, Júlio e eu fomos levados a dar uma volta de barco ao entorno na ilha inteira por Alemão, nosso guia durante toda a nossa estadia em Cananéia.

O passeio de barco teve a duração aproximada de oito horas para contornarmos a ilha inteira e muitas surpresas. Fiquei emocionada ao ver que em quase todo o nosso trajeto, estávamos acompanhados pelos botos-cinza (Sotalia guianensis), muito comuns na região. Em todos os momentos eles nos alegraram com sua presença, próximos a nossa embarcação, saltando algumas vezes e em outras caçando próximos a praia. Também existiam muitas aves marinhas, como Biguás, Gaivotas, Gaviões, Garças e Papagaios-da-cara-roxa. Ao final de nosso passeio, já no fim do dia, Alemão nos levou para ver o oceano bem de perto, onde contemplamos um pôr-do-sol incrível e inesquecível, assim como esta viagem maravilhosa e tudo o que vi e conheci em Cananéia.


Figura XI. Alemão, Júlio e eu, prontos para embarcar.
Figura XII. Vista de Cananéia. Morro do Cardoso ao fundo.
Figura XIII. Pôr-do-sol visto do Oceano Atlântico. Fotos: Rayssa Barros


Quando voltei pra casa, mais uma vez, lágrimas desceram dos meus olhos e ao atravessar a ponte que separa o continente da ilha, vi o sol iluminando a água lá embaixo, e a imagem ficou guardada até hoje em minha mente. Assim como também ficará pra sempre na lembrança as pessoas que lá conheci, como Jane e seu Nelson, Alemão e Cida, Alex, Sônia, o cacique Aírton e sua família e Júlio, que não mediu esforços para me dar a oportunidade de conhecer pessoas tão especiais e um lugar tão bonito.

Espero que Deus sempre ilumine o caminho dessas pessoas, assim como o de Silva e sua esposa que me forneceram informações muito valiosas sobre a ilha, e que dê muita força a todos eles, para que consigam alcançar o objetivo de suas lutas particulares, Jane com seus indígenas, seu Nelson com seus cachorros, Cida e Alemão na superação da violenta morte de seu filho, Alex e Júlio no belíssimo trabalho que vem desenvolvendo em favor da natureza.

O que eu mais gosto quando faço essas viagens é conhecer gente assim, que faz as coisas por que gosta e acredita que seu trabalho é algo que realmente vá contribuir nem que seja um pouquinho com este mundão enorme que temos, mas que precisamos ter a consciência de que ele é nosso e pode deixar de existir se não cuidarmos desse grande tesouro deixado por Deus: A natureza e a vida!

É um pouco desta sensibilidade que venho tentando passar através de meus textos. Será que estou conseguindo? Mas independente disto, pretendo continuar, buscando sempre novas vivências e experiências em cenários diferentes, mas com algo em comum: gente hospitaleira e humilde que se importa com o mundo, que ama a vida e que luta pra conseguir melhorias para si e para outros. Dedicado a Júlio, Alex, Jane, Nelson, Cida e Alemão. Muito obrigada por todo o carinho com que me trataram e pelos momentos inesquecíveis que vivi em Cananéia!

Atenciosamente,


Rayssa Barros, Guarda-parque, estudante de Biologia da UNIFAP e amante incondicional da vida...

Saudades enormes de vocês Jane e seu Nelson! Abraços.

BIBLIOGRAFIA USADA
CANANÉIA, Clube de pesca de. Cananéia, “ilha de vida”. Ano não publicado. Acesso em 10/05/2009. disponível em: http://www.pescacananeia.com.br/ecoturismo.htm