Como tudo na vida se ajeita, seria normal que minha vida também se ajeitasse... E é o que tem acontecido nestes quase dois anos. Nesta nova fase profissional tenho enfrentado muitos desafios, porém, o maior deles é sobreviver em meio á minha própria espécie! Somos diferentes uns dos outros... Enquanto um chora o outro sorrí, enquanto um tenta arrumar o outro tenta bagunçar... Enquanto um ama o outro odeia, enfim! Diferenças e mais diferenças.
Há quase dois anos entrei no mundo profissional, onde, sem a menor pretensão caí no ramo que menos imaginava: o ramo da Mineração! Foi uma mudança tão brusca na minha vida que até agora ainda não consegui me adaptar a este mundo por completo.
É complicado demais quando você ama tanto uma coisa e tem que adaptar esse amor á sua atual realidade, porque se não o fizer acaba perdendo as duas coisas que mais deseja: o seu amor e a única oportunidade no momento de conseguir suas coisas, sua independência... Foi mais ou menos a decisão que tive que tomar: Tive que enrolar a bandeira do ativismo e me curvar ao capitalismo para conseguir minha independência financeira. Mas isso não significa matar o amor que sinto pela natureza!
Atualmente venho trabalhando nas proximidades de Pedra Branca do Amaparí, cidadezinha que fica há aproximadamente 230 km de Macapá. O local onde trabalho fica exatamente no meio de uma das florestas mais lindas que já ví na vida: Aos arredores do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque!
No meio do mato é que me realizo! Em frente a um capoteiro na floresta de Pedra Branca
Ao mesmo tempo em que me sinto feliz por isso, fico também com o coração apertado porque minha função neste meio é exatamente zelar pela vida de animais e plantas. Mas não foi para isso que me formei? Sim, foi... Só que aqui eu trabalho para retirá-los do meio de tratores, motosserras e das supressões planejadas que a empresa tem que fazer para extrair o minério e dar vida á mineradora e ao nosso sustento.
Então é como eu disse: já que tive que fui obrigada a me inserir no mundo capitalista, para não perder minha essência, resolvi adaptar o meu amor pela natureza á minha realidade: Hoje busco ser a melhor no que me cabe para continuar lutando pelos animais e plantas de minha terra. e acho que aí que nos firmamos quanto profissionais e ao juramento que fazemos no dia da nossa formatura de zelar pela vida de qualquer maneira e trabalhar com ética e responsabilidade.
Meu compromisso com o meio-ambiente faz com que a empresa onde estou inserida acabe por também assumir a mesma postura, pois se trabalho com respeito, vou querer o mesmo respeito vindo deles para com nossa região e vou cobrar deles o mesmo que combram de mim. Profissionalismo e responsabilidade!
Aqui eu coleto sementes, produzo mudas de árvores nativas, resgato e monitoro os animais, trabalho educando colaboradores e crianças de Pedra Branca, tento resgatar o que posso dos desmatamentos que necessito acompanhar.E isso não é ser Biólogo também? Claro que é!
Partilhando da beleza da natureza com os colegas de trabalho... |
Resgatando animais durante as atividades de desmatamento... |
Monitorando a fauna local... |
Produzindo mudas para recuperar as áreas degradadas pelas atividades de mineração... |
Plantando árvores na mata... |
Ensinando os pequenos a ter cuidado com a natureza... |
Observando animais com uso de câmera trapp... |
O Biólogo compromissado acaba agindo como um fiscal e fica de olho se as coisas estão caminhando do modo certo. É desta forma que atualmente eu busco pensar para me manter feliz, mas acreditem amigos, isto é apenas um momento que vai passar e logo logo eu conseguirei fazer as duas coisas que preciso: Sobreviver economicamente bem fazendo o que mais amo: Cuidar da Natureza. Um grande abraço aos leitores! Atenciosamente,
Rayssa A. Barros - Bióloga e Fotógrafa.
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